Sinopsis
Quem conhece, já ouviu ou leu algum texto de Roberto Saturnino Braga, sabe que ele é um carioca militante. Sempre que pode, fala e escreve sobre a sua cidade, cheio de amor a seu povo, a sua história, a filosofia do Rio, a sua geografia.
Em "Joias do Rio", um livro de cronicas, Saturnino não se desmente e elege 14 sítios emblemáticos da cidade – as suas "catorze belezas essenciais" – como objeto principal e único de suas narrativas.
Engana-se, porém, quem supor que, face ao momento crítico que atravessa o Rio, o escritor tenha se deixado levar por um clima nostálgico e melancólico.
O livro é delicioso de se ler, sem nenhum saudosismo, um tour inteligente e rico de informações pelos recantos mais bonitos da cidade, uma redescoberta de um Rio de Janeiro que ainda existe e tem mil histórias para contar.
Nesta viagem pelo tempo e espaço descobrimos, só para dar um exemplo, que o túnel que liga o Botafogo a Copacabana foi construído no final
dos anos 1800 e inaugurado pelo então presidente Floriano Peixoto; que Figueiredo Magalhães era um médico importante de Copa e que o Peixoto era um sorridente português dono da chácara que veio a se tornar o não menos simpático bairro Peixoto. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, ele faz uma verdadeira arqueologia sobrepondo as suas diversas fases, e com pitadas anedóticas: vocês sabiam que Rodrigo de Freitas era o jovem amante (e depois marido) da já balzaquiana Dona Petronilha, proprietária da fazenda que ladeava o lago?
E para quem quiser pular etapas, duas dicas: delicie-se com a crônica Jardim Botânico, uma ode à vida, um passeio pela memória e pelo afeto, por "este sítio que é a própria divindade, a natureza, aberta, olorosa e acolhedora a qualquer um". E com a cronica Praça Mauá, e seus olhos voltados para o novo e para o futuro: "Que benfazeja revolução, a Nova Praça dos anos dois mil".