Sinopsis
Movidos pelo desejo de juntar forças de pensamento entre a alegria e a juventude, neste momento perverso que estamos, os organizadores Davi Pessoa e Manoel Ricardo de Lima convidaram amigos e amigas para apresentar suas ideias sobre essa temática. A atividade aconteceu remotamente nos dias 4 e 11 de novembro de 2020 e transmitidas no canal do grupo de pesquisa Linguagem, Artes e Política (UNIRIO/CNPq). Esta obra reúne as reflexões dos oito autores que participaram do debate: Annita Costa Malufe, Bruna Carolina Carvalho, Davi Pessoa, Edson Sousa, Eduardo Sterzi, Júlia Studart, Manoel Ricardo de Lima e Veronica Stigger.
Na apresentação, Davi e Manoel lembram do comentário de Roberto Bolaño, em agosto de 1999, de que seus amigos entregaram toda a juventude "a uma causa que acreditavam ser a causa mais generosa do mundo, mas que em realidade não era", e lembra que toda a América Latina carrega a sombra de muitos jovens esquecidos, na miséria e por negligência ou mortos na Bolívia, Argentina, Peru, Chile, Nicarágua, El Salvador, Colômbia, México etc. E relembram que 30 anos antes, em agosto de 1969, Pasolini escrevia que os jovens jamais fazem humor – "eles levam tudo de peito aberto e a sério. Que o humorismo implica uma desconfiança um tanto ascética sobre as ações humanas: ou pelo menos um descolamento dela, devido a uma série de decepções. O humor permite viver, apesar de tudo: seguir adiante apenas para findar a vida. Não é incomum que tal humor adquirido à força, à medida que envelhecemos, tenha um outro rosto, a utopia: que é, portanto, a fossilização da esperança e da seriedade juvenil".
Portanto, apontam os organizadores, a juventude se mobiliza entre estupidez e generosidade, entre alegria e seriedade, e tais polos, mesmo contraditórios, não se autoexcluem, quando a vida é traçada sem imperativos binários e autoritários. O estúpido é movido por um estupor que se apresenta, generosamente, com alegria e seriedade, e, assim, rearma outra utopia, que não é jamais fossilizada à espera do futuro, tendo em vista que a força da juventude é uma inscrição no presente.